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Death Angel no Brasil

Na década de 80, a baía de San Francisco tornou-se o epicentro da cena americana de thrash metal. De lá saíram bandas que definiram o gênero, como Metallica, Exodus, Possessed, Testament e Vio-lence.

Em meio a esse pessoal, surgiu uma banda de formação exótica e que parecia a grande promessa do Bay Area Thrash. Formado por cinco primos descendentes de filipinos, o Death Angel misturava a sonoridade característica do gênero com groove e algumas (boas) baladas. Tudo sob uma execução virtuosa e a voz levemente afetada de Mark Osegueda.

Do segundo álbum do grupo, Frolic Through the Park, saiu um video-clipe que ganhou espaço nos programas de metal da MTV americana e circulou no Brasil em coletâneas caseiras de VHS: "Bored".

A música tinha um riff pegajoso, vocais herdados do hard rock e um intrincado solo de guitarra usando a técnica do arpeggio.

O Death Angel ganhou projeção e foi contratado pela Geffen Records, selo que abrigava as duas bandas que definiram a passagem da década: Guns N' Roses e Nirvana.

Com o suporte da gravadora de David Geffen, que então tornara-se bilionário com a aquisição do selo pela MCA, os primos filipinos lançaram seu álbum mais ambicioso: Act III.



Gravado e produzido com um nível acima do que se costumava ouvir no thrash metal até então, o álbum parecia destinado a ocupar a prateleira de clássicos do gênero, ao lado de Master of Puppets, Among the Living e Reign in Blood.

Não foi bem o que aconteceu.

O ano de 1990 marcou o declínio daquela cena. Várias bandas se separaram, os grandes nomes mudaram a orientação musical e os poucos que se mantiveram fiéis às origens musicais entraram num período de ostracismo. Talvez apenas o Slayer, sob a batuta de Rick Rubin, tenha conseguido passar incólume à decadência do estilo.

Para piorar, um terrível acidente automobilístico no Arizona atrapalhou os projetos de carreira do Death Angel. O prodígio baterista Andy Galeon -que gravou o primeiro disco aos 14 anos de idade!- sofreu vários ferimentos e a Geffen tentou interferir em sua substituição.



No documentário Get Thrashed, os músicos contam que o acidente foi tão traumatizante que, de fato, levou ao fim da banda.

Confesso que não acompanhei o retorno do Death Angel em 2001, após o hiato de uma década em que muita água passou sob a ponte. Tampouco ouvi qualquer álbum lançado desde então. O site oficial dá conta que eles gravaram 3 discos desde a volta, sendo o mais recente Relentless Reunion, lançado no mês passado.

Da família filipina sobraram apenas o vocalista Mark Osegueda e o guitarrista Rob Kavestany. O incrível baterista Andy Galeon fez parte da reunião desde 2001, mas deixou a banda no ano passado.

Na próxima sexta, o Death Angel desembarca pela primeira vez no Brasil para realizar uma turnê que percorre 8 cidades. Em São Paulo, o show acontece no sábado, dia 23, no Clash Club.

Ver essa banda ao vivo é recuperar um pouco da história do gênero que implodiu o metal convencional e todos os seus piores clichês.

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Assista abaixo ao vídeo-clipe de "Seemingly Endless Time", faixa do álbum Act III e que frequentou o extinto programa Fúria Metal da MTV Brasil. Nunca as praias da Califórnia pareceram tão sombrias...

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